quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Book@Ouro#5

Título: O Caso da Mangas Explosivas, Mohammed Hanif.
Sinopse: No dia 17 de Agosto de 1988, o presidente paquistanês Zia ul-Haq morreu num acidente aéreo. No avião presidencial viajavam igualmente o chefe dos serviços secretos e o embaixador dos Estados Unidos. Não houve sobreviventes e, ainda hoje, a razão que levou à queda do avião continua envolta em mistério. O acidente ficou a dever-se a: Falha mecânica? Falha humana? Impaciência da CIA? Maldição de uma cega? Generais descontentes com as suas pensões de reforma? A estação das mangas? Ou o responsável terá sido o próprio narrador, Ali Shigri, um jovem cadete da Força Aérea, que nos relata a sua participação nos acontecimentos? (in, Wook).


Mohammed Hanif propõe-se a explicar, através das palavras de Ali Shigri, um militar da Força aérea Paquistanesa, os acontecimentos que levaram à morte do presidente Zia, do chefe dos serviços secretos, General Akhtar, e do embaixador dos Estados Unidos, Arnold Raphael.
Filho de um ex-militar, Ali Shigri é um jovem cadete dedicado ao exército e habilidoso com a espada. Tem a seu cargo um grupo de jovens cadetes, partilha o quarto com o seu amigo Obaid e tudo leva a crer que é o único sobrevivente da tragédia. O livro conta-nos o percurso de Ali até ao fatídico dia 17 de Agosto de 1988.
Pelo caminho, ficamos a conhecer Zia ul-Haq, a outra ponta deste enredo. Ele é um homem extremamente religioso e que se baseia no Corão para resolver, antecipar ou prevenir problemas. Tem duas preocupações constantes: está sempre a pensar que o querem matar e quer saber o que o povo pensa dele. Tem o seu staff de generais e chefes dos serviços e mantém uma relação de conveniência com o embaixador americano.

Mohamed escreve de forma simples e com muito humor à mistura. As suas palavras ridicularizam o presidente Zia, as relações entre os Estados Unidos e resto do mundo e goza com a constante pretensão americana. Aborda ainda o tema da religião e dos vários absurdos que em nome dela são cometidos. Faz o retrato da sociedade paquistanesa, do seu povo, do seu presidente e das sucessivas artimanhas engendradas por este e pelo seu staff.
É certo que o leitor já conhece o desfecho, mas o mérito neste tipo de livros está na capacidade do autor, ainda assim, conseguir surpreender-nos. E Mohamed consegue.

Adorei a referência ao livro Crónica de Uma Morte Anunciada, do Gabriel García Márquez, quando Ali pergunta a Obaid, a propósito do livro que o último está a ler: "qual a piada de leres o livro, se já sabes que ele morre?"

Divertido. Sério. Erótico. Informativo. Triste. Revelador. Acutilante. Em suma, uma excelente leitura.

0 Comentário(s):

  © Blogger template 'Morning Drink' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP