terça-feira, 31 de julho de 2012

Adeus, Julho! Fiquemos antes com...

Michael Fassbender,  35 anos...

A Rainha no Palácio das Correntes de Ar

Título original: Luftslottet som sprängdes
Género: Romance Criminal
Autor: Stieg Larsson
Ano: 2007

Sinopse: Neste terceiro e último volume da Trilogia Millennium, Lisbeth Salander sobreviveu aos ferimentos de que foi vítima, mas não tem razões para sorrir: o seu estado de saúde inspira cuidados e terá de permanecer várias semanas no hospital, impossibilitada de se movimentar e agir. As acusações que recaem sobre ela levaram a polícia a mantê-la incontactável. Lisbeth sente-se sitiada e, como se isso não bastasse, vê-se ainda confrontada com outro problema: o pai, que a odeia e que ela feriu à machadada, encontra-se no mesmo hospital com ferimentos menos graves e intenções mais maquiavélicas… Os elementos da SAPO continuam as suas movimentações; Mikael Blomkvist tenta de todas as maneiras ilibar Salander; Dragan Armanskij, o inspector Bublanski e Anita Giannini unem esforços para que se faça justiça; Erika Berger sente-se também ameaçada; e quem é Rosa Figuerola, a bela mulher que seduz Mikael Blomkvist? (in Wook)

Lisbeth Salander termina o volume anterior gravemente ferida. Internada no hospital e com um quadro clínico reservado, a jovem tem de, não só partilhar o hospital com um dos homens que mais odeia, mas também lidar com as graves acusações que a polícia tem contra ela.
Enquanto isso, Mikael Blomkvist, apoiado por um conjunto de pessoas "amigas" de Lisbeth, continua a sua missão de descobrir as pessoas que estão por trás do tão secreto caso Zalachenko, ao mesmo tempo que arquitecta um plano para ajudar Salander a provar a sua inocência.

Estima-se em seiscentas o número de mulheres que combateram na guerra da secessão. Alistavam-se disfarçadas de homens. Terá Holywood deixado escapar uma grande parte da história cultural, ou será que era uma matéria ediologicamente incómoda? Os livros da história dificilmente fazem referência a mulheres que não se enquadram no estereótipo dos sexos, e nunca isso é tão evidente como no que se refere à guerra e ao uso de armas.
(extracto retirado da pág. 7)

Chega ao fim as aventuras de Mikael BlomkvistLisbeth Salander e tenho a certeza que vão deixar muitas saudades. Estiveram, quais justiceiros do bem, a descobrir e resolver casos perigosos e complicados ao longo da trilogia.

Depois de três volumes, não há muito a dizer que já não tenha sido dito. A história continua cativante, cheia de surpresas e muito, muito estimulante. Para além dos personagens que bem conhecemos, Stieg Larsson trouxe para o enredo personagens novos que acabaram por ter papéis determinantes no desfecho da história, como é o exemplo de Rosa Figuerola, uma mulher atlética e sensual e uma policial inteligente, competente e muito perspicaz que veio mexer com o mundo de Mikael.

Com mais estes capítulos, o autor dá-nos a conhecer mais um pouco da infância e adolescência Lisbeth, enquanto acompanhamos o desenrolar de mais uma investigação policial com estrategas de ambos os lados da barricada.

Eu que não era muito fã de romances policiais, acabei por ficar com o bichinho depois de ler a Trilogia Millennium.
(4/5)

Dias que mais parecem semanas...

Hoje foi um dia desses e nem sequer estamos a falar de uma 2ª-feira. Com muitas pessoas de férias durante o mês de Agosto, há menos chateações. No entanto, enquanto não passarem os primeiros dias e as coisas voltarem a andar ao seu ritmo normal, é uma carga de trabalhos para quem fica.
E neste caso, fui eu que fiquei....

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Modalidades - Halterofilismo

Halterofilismo deve ser uma das modalidade mais feias visualmente (com certeza que há mais mas de repente lembrei-me dessa). O sofrimento que se vê na cara dos atletas é agoniante. Quanto à beleza, se já não é muito bonito nos homens, nem vale a pena comentar como fica às mulheres.

Há com cada modalidade! 

domingo, 29 de julho de 2012

Retratos de Cabo-Verde

Um veneno bom e doce tem sido Cabo-Verde. Recordo muitas vezes as cores do Mercado Sucupira, a lenta e festiva praia de Quebra Canela e o rosto da menina de São Domingos com o cabelo pintalgado da luz de uma quantas contas coloridas; o funaná dançado em noite de halloween, a paisagem esmagadora da viagem até ao Tarrafal e a sopa de loron que ali comi, e o silêncio áspero do deserto do Sal; mas também as cálidas noites do Mindelo, o perfume do vinho branco do Fogo, o ponche de mel de Santo Antão, os entardeceres no Palmarejo, a lentidão das coisas na Cidade Velha, e a cálida água da baía das Gatas afagando-me as pernas
[Extraído da página 61 do livro As Sereias do Mindelo, de Manuel Jorge Marmelo]

As Sereias do Mindelo

Título original: As Sereias do Mindelo
Género: Romance
Autor: Manuel Jorge Marmelo
Ano: 2008

Sinopse: Depois de ter vivido uma depressão motivada por um desgosto de amor, um homem julga apaixonar-se, sucessivamente (à medida das suas viagens por Angola, Açores, Brasil ou Galiza), por várias mulheres que acabam por estar relacionadas com o Mindelo, a capital da ilha de São Vicente, Cabo-Verde. A sua busca leva-o a imaginá-las como sereias, e a lidar com a Ana, Priscila, Mireille, Luciana ou Lucirene Patrícia como se fossem mulheres intocáveis, habitantes de um mundo sem perversidade, violência ou traição. Mas a realidade é totalmente diferente - as sereias do Mindelo são, afinal, puro pecado. (in conta-capa do livro)

Depois de sofrer um desgosto de amor, o personagem principal parte em descoberta de outras mulheres para de novo entregar-se e encontrar a felicidade outrora perdida. Destinos como Angola, Cabo-Verde, Açores e Brasil voltam a colocá-lo em contacto com mulheres singulares que acabam por revelar-se autênticas quebra-cabeças e fontes de felicidade e sofrimento.

Isto é uma coisa que me confunde. Cresci pensando que havia mulheres que haviam de ser nossas mães, namoradas, irmãs e esposas e que, à parte dessas, havia as putas. Hoje parece que as mulheres querem ser tudo ao mesmo tempo e ainda profissionais, independentes, emancipadas, desejáveis e mais não sei o quê. As mulheres, e a verdade é esta, confundem-me bastante e não sei se é por serem bipolares ou apenas por terem mudado demais.
(extracto retirado da pág. 14 e 15)

As sereias do Mindelo personificam, não só as mulheres que cruzaram a vida, imaginação ou sonhos do narrador, mas também todas as mulheres e as suas complicadas vidas, que, tal como pode ler-se no extracto escolhido, o personagem principal não consegue perceber se é bipolaridade ou se as mulheres de antigamente eram mais fáceis de entender.

Pensado inicialmente para ser um conjunto de contos, a história deste homem e das "suas mulheres", muitas vezes estranha e sem nexo, é uma ode às mulheres. Estas sereias de Manuel Jorge Marmelo representam as mulheres que esperam e fazem de tudo para arranjarem casamento com um estrangeiro e poder fugir da vida das ilhas, das mulheres cujos maridos estão emigrados e têm de manter uma imagem imaculada de esposa fiel ou de mulheres que depois de viúvas é esperado que vivam para sempre à sombra da felicidade passada e não pensem em voltar a arranjar alguém.

Gostei da forma de escrever do autor e do facto do narrador fazer crer o leitor que este é um romance que nunca escreverá por não se considerar um escritor a sério.
Na minha opinião, não é um livro de leitura fácil por causa das várias partes parecerem desconexas o que exige muita concentração para identificar e acompanhar o fio condutor que as une.
(3/5)

sábado, 28 de julho de 2012

Londres 2012

A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, "desenhada" por Danny Boyle, foi um lindo espectáculo e cheio de surpresas, com especial destaque aos jogos de luz, ao som e ao momento do acender da tocha olímpica. No entanto, o "meu" momento alto da noite foi a entrada da modesta selecção olímpica do meu coração:

Votos de parabéns e sucesso aos atletas Lidiane Lopes (Atletismo - 100 m), Adysangela Moniz (Judo - +78 kg) e Ruben Sanca (Atletismo - 5000 m) e a todos os membros da comitiva olímpica de Cabo-Verde em Londres.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pensamentos sextafeirianos #167

Amores de estimação

Sei que é um atentado contra o ambiente, mas podemos ser perdoados se for só de vez enquando.
Encher a banheira de água e relaxar é uma das melhores coisas que podemos fazer depois de um dia de trabalho cansativo, cheio de stress e que ía prolongar-se pela madrugada dentro.
Ontem tive direito a um desses "de-vez-enquanto-moments" e que bem que me soube.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Calções curtos (curtíssimos)

Elas seguiam à minha frente. A julgar pela roupa, dir-se-ia que estavam a caminho da praia ou da piscina, embora o penteado, a maquilhagem e os acessórios gritassem exactamente o contrário. Eu ía para o trabalho. Elas iam a qualquer lado com roupa imprópria.
Tinham pouco mais de 20 anos e umas pernas que não pedem exposição. Uma delas trazia uns calções tão curtos que deixavam à mostra mais que alguns boxers que costumo usar por casa.
A pergunta "será que podemos usar calções curtíssimos em qualquer lado" voltou a ecoar na minha cabeça.

Tal como escrevi no outro dia no twitter, na minha opinião, andar com a nádega de fora é algo que se pode aceitar na praia ou na piscina, mas não num shopping ou na rua. E não interessa se é moda e está todo mundo a fazer o mesmo.

Senhoras e meninas, esta que vos fala quer o vosso (nosso) bem e não diz só por dizer, mas sair à rua com quase tudo à mostra não é sexy, mas sim muito, muito vulgar. Vale sempre deixar alguma coisa para os outros (homens) imaginarem.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Clube da Leitura

O desafio foi lançado pela Pólo Norte e, tal como ela disse neste post, também eu adorava ter nascido num sítio onde houvesse clubes de leituras (e já agora que fosse bem ao jeitinho do The Jane Austen Book Club). Durante o mês de Agosto o Clube Leitura Quadripolar vai ler (no meu caso reler) O Amor em Tempo de Cólera, do Gabriel García Márquez.

À fome de querer muito participar num clube de leitura, juntou-se a vontade de reler um dos meus livros favoritos de todos os tempos e voltar a encontrar-me com Fermina Daza, Florentino Ariza e Juvenal Urbino.

Estou muito curiosa para mais esta experiência com os "conhecidos" do mundo virtual.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Today's Mood (Dance)


Gym Class Heroes: Stereo Hearts ft. Adam Levine





(...)
My heart's a stereo
It beats for you, so listen close
Hear my thoughts in every note

Make me your radio
And turn me up when you feel low
This melody was meant for you
Just sing along to my stereo.

Eu, noctívaga, confesso...

Sou daquelas pessoas que trocava, de muito bom grado e sem arrependimentos, o dia pela noite. Quer seja em casa a ler, a ver um filme ou então no escritório a trabalhar, a noite é a minha melhor companhia: o silêncio, a falta de distrações, a música aos berros, o poder estar a cantarolar sem fazer figura de parva à frente dos outros... Priceless!

Onde é que se assina para que os senhores que mandam nestas coisas trocarem o dia pela noite?

domingo, 22 de julho de 2012

Silly season

As reportagens nas praias deste país, onde não faltam as perguntas da praxe, como a indespensável "a água estava boa?", depois de alguém voltar de um mergulho ou a "o que traz aí para comer?", com a família a desfilar as frutas, iogurtes ou sandes que tenha trazido para o banquete no areal.

As respostas não são sempre as mesmas todos os anos?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pensamentos sextafeirianos #166

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Enganar o calor...

Saímos de casa já passava das 23 horas, mas ainda deu para fazermos um passeio de quase 45 minutos e assim fugir, ainda que por pouco tempo, do calor insuportável que se fazia sentir dentro de casa.

A repetir...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Parenthood

Parenthood 
Último episódio nos USA: season #3, episódio #18
A família Braverman

Zeek e Camille Braverman são os pais de Adam, Sarah, Julia e Crosby. Adam é casado com Kristina e são os pais de Haddie, uma jovem adulta ou uma adolescente jovem, e de Max, um menino com síndrome de Asperger. Sarah, actualmente solteira e a viver em casa dos pais, foi casada com Seth. Amber e Drew são frutos deste relacionamento. Julia conjuga a vida familiar, com o marido Joel e a filha Sydney, e o escritório onde exerce advocacia. Crosby, que vai namorando, descobre que é pai de um menino de 5 anos, Jabbar, fruto de um curto relacionamento que teve no passado com Jasmine.
Estão lançados os dados...

A dinâmica familar dos Braverman é o ponto alto da série. Quando estão juntos é sempre uma grande festa e quem ganha é o espectador. Se um Braverman está feliz, todos os Bravermans partilham do mesmo sentimento, mas quando um Braverman está em apuros, todos querem ajudar e acabam metidos em grandes zaragatas e choques de opiniões. Os encontros familiares em casa de Zeek e Camille são tudo menos monótonos: podem correr sobre rodas ou descarrilar pela ribanceira abaixo.

Pais cujos filhos já são pais. Pais com filhos diferentes devido a problemas de saúde. Pais com filhos rebeldes e na idade dos problemas. Pais com filhos que acabam de conhecer. Pais com filhos que têm de dividir a atenção com a carreira. Pais que tentam fazer tudo pelos filhos. Pais que tentam dar bons exemplos.  Pais com filhos da idade dos porquês. Pais com filhas apaixonadas. Pais com filhos que são pequenos génios. Pais que sofrem e que se orgulham. Pais que apoiam, mas que também puxam as orelhas. Pais que amam e são amados.

Bom enredo, boas interpretações e uma excelente química entre os personagens. Faz lembrar Brothers & Sisters, mas com mais uma geração.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Opinião

(...) o Facebook é uma rede social que permite encontros que provavelmente não se dariam na vida real. O atrativo erótico está no seu potencial máximo, a comunicação escrita é rápida, e o facto de se dizer sem olhar nos olhos do outro acende o imaginário e permite desinibições ousadas e eficazes. Há casamentos que não resistem a encontros na rede de Mark Zuckerberg, há quem deixe de estar sozinho, há facadinhas em matrimónios que não passam disso mesmo. Há relações para todos os gostos.
(....)
[Sexo & Facebook, by Sónia Morais Santos] 

Olhar para a consequências e extraír a causa é um dos exercícios que todos fazemos quase diáriamente. Muitas vezes, as causas são coisas que estão-nos mais à mão, parecem fazer todo o sentido e conseguimos mesmo arranjar exemplos que compravam a nossa teoria.

Sempre fui muito céptica neste exercício de apontar o dedo e afirmar que esta ou aquela é causa deste ou daquele efeito e é por isso que quando leio que o facebook destrói casamentos ou promove a infidelidade, fico logo de pé atrás.

Posso estar a ser muito injusta, mas tenho para mim que, ainda que não houvesse facebook, o casamento da Marta (nome fictício) estaria condenado, que a Sofia (nome fictícioia mesmo assim trair o marido e que o Pedro (nome fictício) ia continuar a achar-se o maior da aldeia.

Amores de estimação

Bacon. What else?

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Vizinhos...

Durante muito tempo, ouvir televisão no nível "destrói tímpanos e obriga os outros a ouvirem o mesmo canal" e, mais recentemente, estudantes barulhentos durante alguns dias da semana foram os únicos contratempos que tivemos no prédio.

Há pouco tempo, instalaram-se umas pessoas no 1º direito e resolveram aumentar um bocado a fasquia. A chegada deles serviu para mostrar que os meus antigos vizinhos eram uns anjos e veio definir todo um novo nível de vizinhos maus: os vizinhos porcos e sem noção.

Os piores vizinhos são aqueles que acham que um saco do lixo está demasiado mal cheiroso para o terem dentro de casa e resolvem partilhá-lo com todos, colocando-o no hall do prédio.
Entramos e saímos, chegamos a vê-los na rua, um dia termina e outro começa e o maldito saco continua no mesmo sítio e cada vez mais mal cheiroso.

Há pessoas que não sabem dividir espaços com os demais e quando é assim, há muito pouco que podemos fazer.

Pensamentos sextafeirianos #165

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas

Título original: Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas
Género: Romance
Autor: Ricardo Adolfo
Ano: 2009

Sinopse: Brito é imigrante ilegal numa cidade que não conhece e cuja língua não fala. Um domingo à tarde, depois da volta das montras, perde-se a caminho de casa com a mulher e o filho pequeno. E como acredita que para tomar uma decisão acertada tem de fazer o contrário daquilo que acha que está correcto, o regresso a casa revela-se impossível. Depois de uma noite na rua, Brito percebe que se não pedir ajuda pode ficar perdido para sempre, mas se o fizer pode arruinar o sonho de uma vida nova.
Em pouco mais de vinte e quatro horas, Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas explora o que é viver imigrado dentro de si mesmo - mais difícil do que qualquer exílio. (in Wook)

Como muitos outros casais à procura de melhores condições de vida, Brito e Carla deixaram a sua "terrinha" e partiram com o filho para um futuro incerto e cheio de obstáculos. A situação de ilegalidade que vivem, o facto de não compreenderem a língua ou a dificuldade em arranjarem trabalho são apenas alguns dos problemas que o casal enfrenta todos os dias.
Um simples passeio familiar mudará a vida de Brito e carla. Depois de perder o caminho de casa, o casal têm em mãos o pior dos dilemas: continuar perdido para sempre ou arriscar um pedido de ajuda que pode levá-los de novo à estaca zero.

A Carla não gostava de ruas vazias e dava-lhe para apertar o passo. Eu por acaso preferia. Sentia-me menos mal. A ausência de pessoas fazia com que não passasse por alguém que não olhasse para mim, como acontecia todos os dias. Um dia, sozinho, a caminho de casa, deixei-me ir contra um poste só para me certificar de que estava mesmo lá, para ter a certeza de que eu não era uma imaginação minha. Existia, segundo o poste, e nunca cheguei a perceber porque é que ninguém me via.
(extracto retirado da pág. 119)

Com muito humor e situações, muitas vezes levadas ao extremo, Ricardo Adolfo serve-se das vidas de Brito e Carla para retratar as vivências e principais dificuldades dos emigrantes ilegais e não só. O facto de passarem despercebidos no país de acolhimento e de viverem sempre com medo de serem apanhados, transformam-nos em pessoas invíveis, sem voz e a viverem nas suas próprias bolhas, na medida que não estão/sentem-se integrados, têm problemas em comunicar e sabem que o menor deslize pode significar o fim de tudo.

Cruel é talvez o melhor adjectivo para descrever esta história. Adolfo constrói um enredo surpreendente, emocionante, triste, cativante, sofrido e cheio de injustiças. A escrita é simples, inteligente e temperado com inúmeras situações cómicas que acabam por servir de bálsamo às desgraças.

Como emigrante, embora uma que não tenha vivido, nem de perto, os problemas do casal da história, acompanhei o sofrimento deles e com uma sensação de proximidade e um sentimento de cumplicidade que só quem vive longe da sua "terrinha" é capaz de sentir.

Uma leitura obrigatória para os que partem, mas também para os que recebem...
(4/5)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Today's Mood


Never Let Me Go - Florence + The Machine





(...)
Looking out from underneath,
Fractured moonlight on the sea
Reflections still look the same to me,
As before I went under.

And it's peaceful in the deep,
Cathedral, where you cannot breathe,
No need to pray, no need to speak
Now I am under, Oh.

And it's breaking over me,
A thousand miles onto the sea bed,
Found the place to rest my head.

Never let me go, never let me go.
Never let me go, never let me go.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Ódios de estimação

Estou mesmo, mesmo fartinha de ouvir falar do caso da Licenciatura do outro. Por mais que tente ver o caso por um ângulo diferente, só consigo vê-lo como uma sequela do outro, não menos famoso, caso "inglês técnico".

Por favor, não me interpretem mal. Este meu desabafo não siginfica que, caso tenha havido uma atribuição fraudulenta de um grau académico, seja da opinião que fizeram muito bem. Devemos apontar dedos a culpados, mas não façamos com que o descrédico da classe política seja a nossa principal motivação, mas porque, tal como todos nós fomos ensinados, há coisas certas e há coisas erradas.

Há razões para ficarmos indignados com algumas pessoas da classe política? Há e basta ver a grande reportagem da Sic, Profissão: Ex-Ministro, para percebermos que continua a haver muitas coisas erradas que são tomadas como certas e que, como não fazem-nos sentir "roubados" porque tivemos de suar e fazer as disciplinas todas para termos a nossa licenciatura, passam-nos ao lado.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pensamentos sextafeirianos #164

quinta-feira, 5 de julho de 2012

"5 di Julho sinonimo di liberdadi"

[5 Julho de 1975 - 5 de Julho de 2012]
Labanta braço bô grita bô liberdade 
Grita povo independenti
Grita povo libertado 
Cinco di Julho sinonimo di liberdadi
Cinco di Julho caminho aberta pa flicidadi 
Grita "viva Cabral" Honra combatentes di nos terra
[Por Os Tubarões]

Um dia di independência cheiu di sabura pa tudo caboverdeanos...

terça-feira, 3 de julho de 2012

"Tens um mano na tua barriga?"

"Tens um mano na tua barriga?" - entrou de rompante pelo meu quarto. A mãe, internada no quarto ao lado, tentou demove-la. " Não incomodes a senhora! Anda cá!". Mas ela continuava a olhar para mim, de pé, à beira da minha cama de hospital. Olhos azuis, cabelo louro, 4 anos de gente.  
"Também tens um mano na barriga?"- insistia. Pego-a ao colo para se sentar aos pés da cama, leve que nem uma pluma. "Cuidado com o meu cateter!". A mãe, pálida e com ar gasto, grávida do mesmo tempo gestacional que eu, a contar-me da leucemia da filha, dos tratamentos de quimioterapia, da gravidez que pode ser uma esperança de vida, de mais vida ainda, o verdadeiro milagre da vida, para a filha que já vive. Das possibilidades de compatibilidade do novo bebé, que entretanto ganha pouco peso no útero, fruto do sistema nervoso da mãe que, internada, não acompanha pela primeira vez, em dois anos e meio, o ciclo de químio da filha.   
"Tens um Bobi?"- fita-me, a pequena, de olhos pregados no suporte com rodas que me eleva o soro. E a mãe sorri, gasta e cansada, velha no pico dos seus 26 anos, a aguardar um milagre que são dois, agora. O bebé só tem um rim mas não lhe importa. A doença da filha ensinou-a a racionalizar a realidade. "Vive-se só com um rim, eu quero é que ele nasça bem, mesmo que não seja compatível,. Quero- os aos dois, bem! Percebe-me, não é?" Percebo tão bem. E a menina canta- me aos pés. Elevo-a no elevador da cama, fica alta no cimo do colchão elevado. "Vou tocar no sol!"- e não parece doente, enquanto escorrega pelas minhas pernas, se ri às gargalhadas e folheia um livro que me ofereceu uma leitora deste blog.  
A mãe a insistir que me deixe sossegada, sorriso exausto. Está desempregada, " ninguém dá trabalho a uma mulher que tem que faltar uma semana por mês para acompanhar a filha na quimioterapia". E, agora, internada. O marido teve que meter baixa para a substituir- "o dinheiro da baixa não vem logo no mês em que gozamos a baixa, este mês nao sei como irá ser". A filha, tagarela, dá gargalhadas e, por um momento, o sorriso abre-se, alheio aos problemas. Acaricia a barriga, como que a regar o crescimento do bebé que aí vem. Falamos dos bebés que esperamos. Chega mámen para a visita, senta a menina ao colo, faz-lhe desenhos a pedido. A mãe elogia o jeito dele para desenhar. Mostro- lhe a fotografia da parede do quarto da Ana, pintada por ele. A menina pergunta se ele lhe pode desenhar uma Kitty na parede. Sorrimos os dois, cúmplices. Hoje toleramos a Kitty. Sim, irá pintá-lá, logo que a mãe regresse a casa. A menina salta de alegria.
Chega o jantar, a mãe e a menina recolhem ao seu quarto, não sem antes a pequena insistir: "Tens um mano na barriga?".
Lembro-me das discussões que temos tido acerca da preservação de células estaminais. Banco Público ou empresa privada? Se colocarmos no Banco Publico e aparecer alguém que precise, a nossa filha fica sem as suas células disponíveis. No Privado as células serão sempre guardadas para ela. E a menina ali ao lado, a precisar de um transplante de medula. Não pode haver egoísmo na humanidade. Nem umbiguismo. Se a nossa filha fosse compatível, não hesitaríamos um segundo, sabemo-lo com o olhar, as palavras não são precisas.
E, finalmente, respondo "Sim, tenho uma (m)Ana na barriga!". Porque todos os bebés deveriam ser irmãos da menina. 
A minha sê-lo-á.
Texto escrito a 27 de Junho de 2012, no Quadripolaridades, pela ursa mais conhecida e solidária da blogosfera.

domingo, 1 de julho de 2012

Espanha - Itália

[Xavi Alonso - Leonardo Bonucci]

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