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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma Questão de Atração

Título original: Starter For Ten
Género: Romance
Autor: David Nicholls
Ano: 2003

Sinopse: Brian Jackson, estudante universitário, chegou à faculdade com um desejo mais forte do que o da aquisição de conhecimentos: ser uma estrela do concurso mais famoso da TV. Mas o seu avanço no Desafio Universitário é de certo modo travado pela sua atração crescente pela sedutora Alice Harbinson, que luta para deixar a sua marca como atriz. E, à medida que os obstáculos impedem a sua relação, Brian fica cada vez mais convencido de que só um sucesso esmagador no concurso o fará conquistá-la. (in Wook)

Era chegada a altura de Brian Jackson deixar a casa da mãe e os dias de diversão com os amigos e começar uma nova etapa na sua tão jovem vida: viver a experiência universitária. Mais do que aquilo que as salas de aula podem ensiná-lo, é a possibilidade de ganhar o Desafio Universitário, concurso que sempre assistiu com pai agora morto, que mais motiva e entusiasma Brian.
No entanto, as prioridades do jovem são postas em causa quando conhece e envolve-se com uma bonita e sedutora jovem, a Alice.

Há três coisas que sempre esperei que acontecessem na universidade - uma era perder a virgindade, a outra era pedirem-me para me tornar espião e a outra era que entraria no Desafio Universitário.
Li Uma Questão de Atração porque gostei muito do Um Dia. São completamente diferentes. A meu ver, esta é apenas uma história de um rapaz tóto que apaixona-se pela miúda mais gira da escola e faz alguns disparates.
A escrita é simples o que torna a leitura acessível. O enredo é bastante básico e a maior parte dos personagens não são interessantes ou parecem estar de passagem pela história.

Como pontos positivos destaco as perguntas de cultura geral no início de cada capítulo, que fazem a ligação com o assunto principal do capítulo, e o as emoções da final do Desafio Universitário. Quando já não estava à espera que acontecesse nada de jeito, Nicholls teceu umas ideias que acabaram por salvar a leitura da desgraça total.

É o primeiro livro que leio com o novo acordo ortográfico e nem sei como vou habituar-me a ler assim. Que atrofio. Por uma fracção de segundos penso que está mal escrito e depois lembro-me que, mais dia menos dia, teremos mesmo de escrever assim. Custa-me mesmo o "ótimo" e o "para" quando se quer escrever pára.
(2/5)

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Tia Júlia e o Escrevedor

Género: Romance
Título
original: La tía Julia y el escribidor
Autor: Mario Vargas Llosa
Ano: 1977

Sinopse: A Tia Julia e o Escrevedor é um dos livros mais originais de Vargas Llosa. Conta a história de Varguitas, um jovem peruano com ambições literárias que se apaixona por uma tia com quase o dobro da sua idade. Em paralelo a esse romance proibido, na Lima dos anos cinquenta, Varguitas conhece Pedro Camacho, autor excêntrico de radionovelas cujos enredos mirabolantes fascinam os peruanos. As novelas vão muito bem, até ao dia em que Pedro Camacho, sobrecarregado, começa a confundir enredos e personagens. E, ao mesmo tempo, o romance entre Varguitas e a tia Julia é descoberto pela família. Ironia e romance em doses perfeitas, memórias autobiográficas e criação literária magistral fazem deste livro um clássico da literatura contemporânea. (in Wook)

Varguitas, a viver as suas 18 primaveras, frequenta o curso de Direito para agradar os pais e "afina" os textos dos noticiários que passam na rádio Pan-Americana, mas o seu verdadeiro sonho é ser escritor. Num dos seus habituais almoços em casa do tio Lucho, o jovem conhece a sua tia Júlia e deslumbra-se com aquela mulher divorciada e com idade para ser sua mãe.
Com a nova moda das radionovelas, Pedro Camanho, conhecido escritor das ditas, é a mais recente contratação da rádio onde trabalha Varguitas. As histórias escritas pelo bolivíano começam a fazer furor entre os ouvintes.
Camacho é um excêntrico que faz tudo em nome da arte. Varguitas é um jovem a descobrir o amor e capaz de fazer tudo pela sua Júlia.

Em casa, junto do panado, do ovo e do arroz, encontrei outra mensagem: "Telefonou a Julita. Que recebeu as tuas rosas, que são muito lindas, que gostou muito. Que não penses que com as rosas te vais livrar de levá-la ao cinema qualquer dia destes: o avô."

Este livro é composto por várias histórias dentra da história principal. O centro do livro é o próprio Varguitas que leva o leitor a passear pela sua vida: a vivência com os avós, o trabalho na Pan-Americana, os problemas com a escrita, os amigos, os amores e as peripécias e os problemas que um relacionamento com uma mulher com o dobro da sua idade acarretam.
Em paralelo, decorrem as novelas de Camanho, também elas histórias reais com pessoais reais, com os habituais cliffhangers no final de casa capítulo.

É um livo de fácil leitura, muito envolvente e gostei, particularmente, de ser composto por vários enredos completamente diferentes. No entanto, com o avançar da leitura e devido à mistura propositada dos nomes e das histórias, torna-se um bocado complicado seguir a linha de raciocínio do autor.

É um livro sobre livros, escritores, processo criativo e a arte de criar histórias a partir de nada.
Leva um selo de aprovação.

(4/5)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Parábola do Cágado Velho

Género: Romance
Título
original: Parábola do Cágado Velho
Autor: Pepetela
Ano: 1996

Sinopse:
«Falo de um amor e de uma transgressão.
Que sabe, talvez a transgressão nunca fosse possível. Mas a granada existiu, essa granada que traçou no ar espantado do planalto a figura da mulher amada.
Mas uma granada, mesmo com tal magia, pode materializar um mundo?»

Ulume, marido de Muari e pai de Luzolo e Kanda, tem o hábito de subir ao morte e observar um cágado velho, animal que ele acredita ter uma sabedoria superior.
Enquanto isso, os filhos de Ulume partem para Calpe, destino de sonhos dos jovens do kimbo, e ingressam em frentes diferentes da guerra, numa luta onde uns eram considerados "os nossos" e outros "os inimigos".
Quando apanhado por uma granada, Ulume recebe a imagem de Munazaki, a mulher que está convencido que tem de encontrar e ser a sua segunda esposa.

Uma coisa é o que se diz e o que se sonha, outra é o que se cumpre. O vento que uiva muito não é perigoso, diria o cágado velho se falasse.
À semelhança dos outros livros desta colecção, este é mais uma obra sobre África, neste caso particular, sobre Angola e os angolanos.
Pepetela conta a história de amor de Ulume/Muari/Munazaki num cenário de guerra com forte recurso ao mesticismo, à crença dos espíritos e às tradições ancestrais.
É o segundo livro que leio do autor e gostei.

(3/5)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Kikia Matcho

Género: Romance
Título
original: Kikia Matcho
Autor: Filinto de Barros
Ano: 2006

Sinopse:
Kikia Matcho, sua primeira obra literária, é, nas palavras do autor, um pequeno exercício de ficção. Nem história, nem sociologia, nem etnologia, nem política, tão-somente uma abordagem que se pretende dinâmica e existencial do processo de síntese sociocultural de um Povo. (in Wook)

A morte de 'N Dingui é o ponto de partida deste livro. Papai e Joana, camarada de luta e companheiro de copos na tasca de Mana Tchambú e sobrinha do falecido, antes de terem conhecimento da tragédia, receberam em suas casas a visita de um mocho com a cara do falecido - um kikia matcho, sinal de azar.
O que se segue são as deligências tomadas tanto por Papai, residente na Guiné, como por Joana, enfermeira a exercer em Portugal, a fim de descobrir afinal o que pretende 'N Dingui depois de morto.

Mana Tchambú conhecia a história de cada um, desiludidos, débeis mentais, que encontraram no álcool o sentido, não da vida, mas da resignação. No passado tiveram algum valor, jogaram algum papel no turbilhão da sociedade emergente no continente. A maior parte tinha acreditado em ideias, valores, etc., tudo quimeras! Comandantes, comissários políticos, embaixadores, Comissários de Estado, milícias, comandos africanos, uma mistura carnavalesca, como carnavalesca tem sido a vida deste pequeno país!

Na presente obra, Filinto de Barros apresenta temas como a magia e o mesticismo do povo africano, através de histórias de espíritos, cerimónias fúnebres (conhecidos como tchoro), má sorte, superstições, etc., o surto de emigrantes para Lisboa, a elevação de Amilcar Cabral a herói nacional e o retrato da sociedade guineense pós independência.

Através de Papai, o autor retrata a vida de um ex-combatente que, abandonado pelas chefias, sente a ingratidão dos mais novos que não são capazes de compreender os sacrifícios que passou na guerra, ao lado de Cabral e tantos outros, pela conquista da independência dos dois países.
Com a história de Joana, Filipe retrata o sofrimento e o racismo que sentiu aqueles que trocaram a vida nas colónias por um passaporte português.

Os combatentes, a luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo-Verde e a figura de Amilcar Cabral são temas que tocam-me de forma muito especial.
Gostei.
(3/5)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Nação Crioula

Género: Romance
Título
original: Nação Crioula
Autor: José Eduardo Agualusa
Ano: 1997

Sinopse:
Nação Crioula conta a história de um amor secreto: a misteriosa ligação entre o aventureiro português Carlos Fradique Mendes - cuja correspondência Eça de Queiroz recolheu - e Ana Olímpia Vaz de Caminha, que, tenha nascido escrava, foi uma das pessoas mais ricas e poderosas de Angola. Nos finais do século XIX, em Luanda, Lisboa, Paris e Rio de Janeiro, misturam-se personalidades históricas do movimento abolicionista, escravos e escravocratas, lutadores de capoeira, pistoleiros a soldo, demiurgos, numa luta mortal por um mundo novo. (in Wook)

Carlos Fradique Mendes, português nascido nos Açores, escreve missivas informativas à madrinha, a Madame de Jouarre, e ao amigo Eça de Queirós e cartas de amor à amada, Ana Olímpia.
Nas ditas correspondências, o português conta sobre as suas aventuras e desventuras em Angola e Brasil, o movimento anti-escravatura, o sofrimento dos escravos, o enorme sentimento que tem pela ex-escrava Ana Olímpia e detalhes sobre a sociedade e vivência nas ex-colónias.

Tivesse eu, como as minhocas, cinco corações, e um estaria em festa, outro apertado de angústia, o terceiro em fúria, o quarto duvidando do mundo e o quinto, simplesmente, ardendo de paixão. No meu único coração todos estes sentimentos se confundem, e assim, violentamente confundidos, produzem em mim uma excitação geral, que não sou capaz de controlar ou sequer definir.

O livro aborda o tema das ex-colónias, em especial sobre Angola, e o abandono a que foram sujeitas. Um retrato sobre a sociedade, a mentalidade de escravos e ex-escravos que não souberam abandonar as senzalas e viver outra vida que não aquela a que estavam habituados e dos homens que fizeram riquezas no transporte de escravos para o Brasil, mesmo depois de ter sido proibido o tráfico de escravos.

É uma leitura simples e cheia de África. Da África de outros tempos, mas que ainda pode ser reconhecida nos mais pequenos detalhes.

Foi a minha estreia com José Eduardo Agualusa e fiquei com mais vontade de o Vendedor de Passados.
Gostei.
(3/5)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Comer, Orar, Amar

Género: Romance
Título
original: Eat, Pray, Love
Autor: Elizabeth Gilbert
Ano: 2006

Sinopse:
As alegrias do divórcio
Aos 34 anos, Elizabeth Gilbert, escritora premiada e destemida jornalista da GQ e da SPIN, descobre que afinal não quer ser mãe nem viver com o marido numa casa formidável nos subúrbios de Nova Iorque e parte sozinha numa viagem de 12 meses com três destinos marcados: o prazer na Itália, o rigor ascético na Índia, o verdadeiro amor na Indonésia. Irreverente, espirituosa, senhora de um coloquialismo exuberante, Elizabeth não abandona um minuto a sua auto-ironia e conta-nos tudo acerca desta fuga desesperada ao sonho americano que começou no momento em que encontrou Deus. (in Wook)

Elizabeth Gilbert, a viver um casamento infeliz, decide separar-se do marido e sair de Nova Yorque durante 12 meses. Os destinos são Itália, Índia e Indonésia (os 3 Is).
Durante a estadia em Itália, Gilbert descobre o prazer através da comida; na Índia, foi ao encontro da esperitualidade e na Indonésia (Bali), vive uma grande amizade e redescobre o amor.

(...) escalfei dois ovos frescos para o almoço. Descasquei-os e dispu-los num prato ao lado de sete espargos (que eram tão finos e viçosos que não precisavam de ser cozinhados). Pus também algumas azeitonas no prato e quatro pedaços de queijo de cabra que trouxera no dia anterior da fromaggeria ao fundo da rua e duas fatias de salmão rosado e oleoso. Como sobremesa, um belo pêssego que a mulher do mercado me oferecera e que ainda estava quente do sol romano.
I should know better.
Normalmente, não gosto dos chamados "livros das massas" e esta é mais uma prova.
A leitura começa com uma boa premissa: ela irá viajar por países interessantes e o leitor terá a oportunidade de ver/conhecer Itália, Índia e Indónesia através dos seus olhos.

O livro está dividido em 3 partes e, mesmo sendo muito fraquinha, é dos dias em Itália que gostei mais, embora tenha estado à espera de mais comidas e turismo gastronómico. Índia foi a verdadeira seca, foi um entrar no ashram, orar, fazer silêncio, ashram, orar, fazer silêncio, e assim sucessivamente. Na Indonésia, o romance é frio e não chegou a convercer-me.

Na minha opinão a escrita é pretenciosa e só fazia-me lembrar o livro 4 & 1 Quarto, da Rita Ferro, que não gostei mesmo nada.

(2/5)

P.S: um dos problemas de ver o trailer de uma adaptação antes de ler o livro, prende-se com o facto de podermos ficar limitados no processo de criação dos personagens. Não foi o caso. Nem por um segundo consegui imaginar que Elizabeth pudesse ser Julia Roberts e o brasileiro Filipe - 52 anos e as características físicas - não tem mesmo nada a ver com o Javier Bardem.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Homem Duplicado

Género: Romance
Título
original: O Homem Duplicado
Autor: José Saramago
Ano: 2002

Sinopse: Tertuliano Máximo Afonso, professor de História no ensino secundário, «vive só e aborrece-se», «esteve casado e não se lembra do que o levou ao matrimónio, divorciou-se e agora não quer nem lembrar-se dos motivos por que se separou», à cadeira de História «vê-a ele desde há muito tempo como uma fadiga sem sentido e um começo sem fim».
Uma noite, em casa, ao rever um filme na televisão, «levantou-se da cadeira, ajoelhou-se diante do televisor, a cara tão perto do ecrã quanto lhe permitia a visão, Sou eu, disse, e outra vez sentiu que se lhe eriçavam os pelos do corpo»...

Depois desta inesperada descoberta, de um homem exactamente igual a si, Tertuliano Máximo Afonso, o que vive só e se aborrece, parte à descoberta desse outro homem. A empolgante história dessa busca, as surpreendentes circunstâncias do encontro, o seu dramático desfecho, constituem o corpo deste novo romance de José Saramago.
O Homem Duplicado é sem dúvida um dos romances mais originais e mais fortes do autor de Memorial do Convento. (in Wook)

Vendo o seu colega sempre cabisbaixo e com ar depressivo, o colega, professor de Matemática, sugere a Tertuliano que assista o filme Quem Porfia Mata Caça. Quando o professor de História entra no videoclub e sai com a referida fita, não fazia a mínima ideia de como este simples acto iria mudar a sua vida.
Tertuliano, ao tomar conhecimento que existe uma pessoa igual a ele, inicia uma investigação, cuja meta é descobrir qual dos dois é a cópia e quem é o original.

(...) depois viu as duas abraçadas, e em vez de gritos, murmúrios, em vez de risos, lágrimas, às vezes perguntamo-nos por que tardou tanto a felicidade a chegar, por que não veio mais cedo, mas se nos aparece de improviso, como neste caso, quando já não a esperávamos, então o mais provável é que não saibamos que fazer, e não é tanto a questão de escolher entre o rir e o chorar, é a secreta angústia de pensar que talvez não consigamos estar à altura.

Este é mais um livro ao bom estilo do Saramago: uma história atípica com pouca pontuação (confesso que, ao contrário de muitas pessoas, não me causa nenhum desconforto).
O enredo deste livro é de uma originalidade notável e o final, apesar de ter-me deixado com água na boca, é surpreendente e imprevisível.
Os personagens são genuínos e crescem com a narrativa de forma lenta e detalhada, fazendo com que, em certas alturas, seja enfadonho haver tanta explicação e tão permenorizada.
Através da duplicação do personagem principal da presente obra, Saramago aborda, entre outras tema, a identidade humana, a unicidade e os valores morais de cada um.

Mais uma leitura sugerida e, claramente, mais uma aposta ganha.

(4/5)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ninguém Escreve ao Coronel

Género: Romance
Título
original: El Coronel no tiene quien le escriba
Autor: Gabriel García Márquez
Ano: 1961

Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1961, Ninguém Escreve ao Coronel é o segundo romance de Gabriel García Márquez, escrito durante a sua estada em Paris, onde trabalhava como correspondente de imprensa desde meados dos anos 50.
Num estilo puro e transparente, com uma economia expressiva excepcional que marcava já o seu futuro como escritor, García Márquez narra com brilho inaudito a história de uma injustiça e violência: um pobre coronel reformado vai ao porto esperar, todas as sextas-feiras, a chegada de uma carta oficial que responda à justa reclamação dos seus direitos por serviços prestados à pátria. Mas a pátria permanece muda. (in Wook)

Por ter sido coronel durante a guerra dos Cem Dias, foi-lhe prometido uma pensão que nunca chegou a receber. Apesar dos idos 20 anos de espera, o coronel não perde a esperança e continua a contar com o dinheiro que irá mudar a sua vida.
Os dias são passados na companhia de uma mulher doente e cansada, de um galo lutador que herdou do filho morto e que precisa ser alimentado para as competições e da espera de uma carta que teima em não chegar.

- para os europeus, a América do Sul é um homem de bigodes, com uma guitarra e um revólver - disse o médico, a rir por cima do jornal - não compreendem o problema.

Este é um livro diferente das demais obras do autor que já tive oportunidade de ler. Não estamos perante personagens ou histórias do mundo da fantasia, mas sim pessoas reais, com problemas reais.
A história do coronel é sobre velhice, solidão, fome, sofrimento, doença, orgulho e esperança que uma carta pode mudar tudo isso.

O enredo é triste e emocinante, os diálogos entre o coronel e a mulher são ternurentos e a última fala do livro fez-me soltar uma gargalhada porque senti que, através daquele desabafo, o coronel descarregou toda a frustração acumulada durante os anos.

(3/5)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Insustentável Leveza do Ser

Género: Romance

Título original: The Unbearable Lightness of Being
Autor: Milan Kundera
Ano: 1984


Sinopse: A Insustentável Leveza do Ser é seguramente um dos romances míticos do século XX, uma daquelas obras raras que alteram o modo como toda uma geração observa o mundo que a rodeia. (in Wook)


Tchecoslováquia, 1960. Tomas. Tereza. Sabina. Franz. Karenin.
Tomas, médico de profissão, é um homem desligado da política e mais interessado nos prazeres da carne. Sempre a evitar envolvimentos maiores, está constantemente a entrar e sair dos lençóis das suas várias parceiras sexuais. No entanto, duas mulheres são presenças constante na vida do médico: Sabina e Tereza.
Com a Primavera de Praga, Tomas, Tereza, Sabina, Franz e Karenin são obrigados a mudar o rumo das suas vidas.
O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino, O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.
Este é um livro com uma forte vertente política e filosófica. Kundera aborda temas como a invasão russa de 1968, a perseguição política, a teoria do eterno retorno de Nietzsche, o pensamento de Descartes e a filosofia de Parménides.

Mais que histórias de amor e sexo entre os personagens, Kundera questiona a casualidade da vida e dos encontros, as diferentes ligações de necessidade que se criaam entre as pessoas e o relacionamento entre o homem e o seu animal de estimação (Karenin - cadela).

Não é um livro de fácil leitura e deve ser digerido em pequenas porções. No entanto, é uma obra super interessante para pessoas que, tal como eu, gostam de ler sobre estes assuntos.

(4/5)

P.S: fiquei com curiosidade de ver o filme, datado de 1988, com Daniel Day-Lewis no papel de Tomas.

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