O Deus das Pequenas Coisas
Título original: The God of Small Things
Género: Romance
Autor: Arundhati Roy
Ano: 1980
Sinopse: "O Deus das Pequenas Coisas" é a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal. Uma história feita de muitas histórias. A histórias dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa, Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby Kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo Padre Mulligan.
Estas são as pequenas histórias de uma família que vive numa época conturbada e de um país cuja essência parece eterna. Onde só as pequenas coisas são ditas e as grandes coisas permanecem por dizer.
"O Deus das Pequenos Coisas" é uma apaixonante saga familiar que, pelos seus rasgos de realismo mágico, levou a crítica a comparar Arundhati Roy com Salmon Rushdie e García Márquez. (in Wook)
Estado de Kerala, Índia, durante os anos 60/70, numa altura em que alguns costumes europeus, como cinema ou forma de vestir, começam a misturar-se com costumes e tradições ancestrais, como o sistema de castas com os intocáveis na base da pirâmide e marginalizados pelos ditos "tocáveis".
Nesta história, encontramos três gerações da mesma família que vivem e convivem com esta sociedade que dá os primeiros passos para os novos tempos, mas ainda com uma ligação fortíssima aos velhos tempos.
As vivências e acontecimentos que acabam por entrelaçar a vida e o destino do núcleo central composto pelos gêmeos Estha e Rahel, a mãe Ammu, o amigo e intocável Velutha, a avó Mammachi, o tio Chacko, a prima Sophie Mol, a britânica Margaret e a tia-avó Baby Kochamma.
Ao contrário das práticas seguidas por multidões religiosas em alvoroço ou por exércitos conquistadores em tumulto, naquela manhã, no Coração das Trevas, o pelotão dos polícias Tocáveis actuou com economia e não frenesim. Eficiência, e não anarquia. Responsabilidade, e não histeria. Não lhe arrancaram o cabelo nem o queimaram vivo. Não lhe arrancaram os genitais nem lhos meteram na boca. Não o violaram. Nem decapitaram.
Afinal, não estavam a lutar contra uma epidemia. Estavam apenas a inocular uma comunidade para evitar um surto.
No meio de uma sociedade cheia de tradições e diferentes modos de vida, o enredo fala de amores proibidos, através da peculiar e inexplicável ligação dos gêmeos Estha e Rahel, do relacionamento impossível entre um intocável e um tocável representado pelo amor de Velutha e Ammu, do eterno amor que a tia-avó Baby Kochamma escondeu toda a sua vida em relação ao Reverendo Mullingham ou da história de amor que não vingou entre o tio Chacko e sua britânica Margaret.
Um retrato real de uma sociedade onde podemos encontrar referências à religião, aos modos de vida de um povo que vive com as marginalizações sociais causadas pelas castas ou a violência perpetuada contras as mulheres devido ao seu estado civil ou à sua condição de ser obediente, sem no entanto esquecer o papel das fortes matriarcas que devido a desígnios do destino, como por exemplo a viúvez, acabam por tomar as rédeas das famílias.
Uma escrita onde não faltam figuras de estilo como a metáfora ou a personificação, mas também cheio de frase e pensamentos para reflexão. Se por um lado compreendo que se queira comparar a escrita de Roy com García Márquez, devido ao realismo mágico, por outro, acho que as semelhanças tendem a ficar por aí.
Não consegui simpatizar com a escrita de Arundhati Roy e foram muitas as vezes que dei por mim a pensar que ela estava a ser muito pretensiosa e a cair, vezes sem conta, no exagero exacerbado e despropositado.
Um livro para ser lido sem ideias pré-concebidas.
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