sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Amante

Título original: L'Amant
Género: Romance
Autor: Marguerite Duras
Ano: 1984

Sinopse: Saigão, anos 30. Uma bela jovem francesa conhece o elegante filho de um negociante chinês. Deste encontro nasce uma paixão. Ela tem quinze anos e é pobre. Ele tem vinte e sete e é rico. Os amantes, isolados num mundo privado de erotismo e autodescoberta, desafiam as convenções da sociedade. Enquanto ela desperta para a possibilidade de traçar o seu próprio caminho no mundo, para o seu amante não há fuga possível. A separação é inevitável e tragicamente cadenciada pelos últimos acordes da presença colonial francesa a Oriente. A jovem é a própria autora e este é o relato exacerbado de uma paixão inquieta e dilacerante. De tão etérea, a sua realidade gravar-lhe-ia no rosto marcas implacáveis de maturidade. Para o mundo, fica uma obra que contém toda a vida. Obra intemporal, relato de um mundo perdido, O Amante foi vencedor do prestigiado Prémio Goncourt, em 1984, e confirmou o génio literário de Marguerite Duras, nome cimeiro da literatura mundial. (in Wook)

Membro de uma família de colonos falidos da Indochina francesa, a protagonista descobre, aos 15 anos de idade, a paixão e o sexo nos braços de um homem com o dobro da sua idade. Não desfazendo a enorme diferença de idade, este não era o único entrave a esta relação. O objecto da sua repentina paixão é chinês e abastado.
Uma relação que conta com a benção e provação da mãe da jovem, mas sujeita a ser vivida longe dos olhares alheios, tendo apenas espaço para acontecer dentro das quatro paredes do quarto de uma pensão.

Nunca bom dia, boa noite, bom ano. Nunca obrigado. Nunca falar. Nunca necessidade de falar. Tudo fica mudo, longe. É uma família de pedra, petrificada numa espessura sem qualquer acesso. Todos os dias tentamos matar-nos, matar. Não só não falamos como não nos olhamos. A partir do momento em que somos vistos, não podemos olhar. Olhar é ter um movimento de curiosidade para, por, é descer. Nenhuma pessoa olhada vale o olhar sobre ela.
(extracto retirado da pág. 60)

Autobiográfica e ficcional, o foco central deste livro é retratar a história de amor e sexo entre a autora, enquanto adolescente, e um homem mais velho. Para além do tema principal, Marguerite Duras ainda leva-nos a conhecer algumas particularidades da sua família, representada pela mãe e pelos dois irmãos. Com base numa dinâmica familiar estranha, o retrato de família mostra uma relação fria e distante, onde a mãe tende sempre em apoiar o filho mais velho em detrimento dos outros dois.

O livro tem poucas páginas, mas a leitura exige muita atenção devido aos sucessivos avanços e recuos na narrativa. A escrita é, de certa forma, poética, onde não faltam cenas fortes que retratam sentimentos como tristeza ou revolta, e uma boa dose de erotismo, através das cenas em que ela se entrega ao homem por quem está apaixonada e descobre o sexo, a sexualidade e os prazeres do corpo.

Uma leitura para ser saboreada com calma e muita atenção...
(4/5)

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