sexta-feira, 23 de maio de 2014

Anna Karénina

Título original: Анна Каренина
Género: Romance
Autor: Lev Tolstoi
Ano: entre 1873 e 1877

Sinopse: «Embora seja uma das maiores histórias de amor da literatura mundial, Anna Karénina não é apenas um romance de aventura. Verdadeiramente interessado por temas morais, Tolstoi era um eterno preocupado com questões que são importantes para a humanidade em todas as épocas. Bom, há uma questão moral em Anna Karénina, embora não aquela que o leitor habitual possa crer que seja. Esta moral não é certamente o ter cometido adultério, Anna pagou por isso (num sentido vago pode dizer-se que é esta a moral do final de Madame Bovary). Não é isto, seguramente, por razões óbvias: se Anna ficasse com Karenin e escondesse do mundo o seu affair, não pagaria por isso primeiro com a felicidade e depois com a própria vida. Anna não foi castigada pelo seu pecado (podia muito bem ter-se safado deste) nem por violar as convenções da sociedade, muito temporais como aliás são todas as convenções e sem ter nada a ver com as eternas exigências da moralidade. Qual era então a «mensagem» moral que Tolstoi queria passar neste romance? Entendemo-la melhor se olharmos o resto do livro e compararmos a história de Lévin e Kiti com a de Vronski e Anna. O casamento de Lévin é baseado num conceito metafísico, não apenas físico, do amor, na boa-vontade e no sacrifício, no respeito mútuo. A aliança Anna-Vronski é fundada apenas no amor carnal e é aqui que reside a sua ruína.» Do Posfácio, de Vladimir Nabokov (in Wook)

Para se tomarem medidas na vida familiar, é necessário que haja entre marido e mulher uma completa discórdia, ou uma amorosa concordância. Mas quando as relações entre os esposos são interderminadas e não há uma coisa nem outra, nada se pode concluir.
Muitas famílias permanecem anos nos mesmos antigos lugares, odiosos para um e para o outro, apenas porque não existe nem discórdia, nem harmonia.
(extracto retirado da pág. 688)

Os personagens únicos. O enredo elaborado. A escrita peculiar e muito descritiva, onde cada argumento ou explicação é esmiuçado até à exaustão (muitas vezes tornado-se um nada cansativo quando se falava de agricultura, por exemplo). Lévin. Bem sei que Anna é o centro do livro, mas, na minha opinião, o personagem principal foi o Lévin. O livro ter sido escrito há mais de 100 anos e continuar actual. O posfácio do Vladimir Nabokov, um ponto positivo da edição do Relógio d'Água, onde ele faz uma análise detalhada do livro e deixa a sua opinião sobre o enredo, a escrita e as principais características dos personagens criado por Tolstoi.

O romance de Anna e Vronski, muito artificial (intenção do autor em mostrar que o amor carnal não tem futuro), cheio de ciúmes que, a determinada altura da leitura, fazia-me lembrar uma novela. Não simpatizei com Anna e não consegui sofrer com ela. Os nomes dos personagens russos e suas inúmeras variações continuam a ser o meu calcanhar de aquiles. A realçar, não um ponto negativo do livro, mas da minha edição: as notas não estarem em rodapé, mas  sim no fim do livro. Tratando-se de um livro com muitas páginas, torna-se cansativo e obrigou-me a usar dois marcadores: uma para a história e outra para as notas.
(4/5)

0 Comentário(s):

  © Blogger template 'Morning Drink' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP